top of page
Foto: The Independent/ Reprodução

A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS MODERNIDADE.

No livro, A Identidade Cultural na pós-modernidade, Stuart Hall traz uma abordagem sobre o homem contemporâneo e sua complexidade, uma vez que este encontra-se fragmentado sob a pluralidade de eventos e aspectos trazidos pela tendência da Globalização. De forma fragmentada através de imagens e recursos textuais, seguindo a ordem de explicação dos temas abordados por Hall na Introdução do livro A identidade Cultural na pós modernidade, será apresentado um resumo do capítulo e uma seção final de reflexão geral sobre o tema. 

Foto: Stuart Hall/ Por: The independent

IDENTIDADE E DESLOCAMENTOS

O vídeo é uma breve exemplificação sobre o que representa a Globalização para Stuart hall – quebra de barreiras territoriais. No vídeo, Hall contextualiza a situação do Panamá e a questão de migração que acomete o país. Sob sua perspectiva do conceito da Globalização e seus impactos, diz que o ocorre no Panamá tem a ver com você. Ainda traz um neologismo, "usness" para descrever sobre a necessidade da consciência de nossos atos e suas consequências em um mundo pós-moderno globalizado.

IDENTIDADES INDIVIDUAIS E COLETIVAS

Stuart Hall acredita que o homem contemporâneo é um homem altamente complexo e fragmentado. Segundo ele, uma pluralidade de eventos sociais, intelectuais e históricos, provocaram no homem pós-moderno esta descentralização, que terá levado à crise de identidade que hoje enfrentamos. A questão da identidade, segundo Hall, iniciou seu desenvolvimento com o pensamento crítico sendo formado com o Iluminismo e gradualmente sendo alterado com os questionamento de pensadores como Descartes, Locke, Freud, Marx, entre outros. E se acentuaram com movimentos como Reforma Protestante, Darwinismo e o Feminismo. No geral, todos os movimentos promoveram o desenvolvimento e autonomia do pensamento crítico. A formação e base do pensamento pré-moderno esteve centrado em referências identitárias sólidas para os indivíduos e suas relações sociais. O que então, acomete o homem pós-moderno e sua crise de identidade?

foto: Lars Norgaard

PROVOCAÇÃO

Em que consiste e qual o futuro da crise de identidade do sujeito pós-moderno?

Será que o futuro para identificação do indivíduo social é criar sua própria forma de adaptação? A exemplo da imagem representada pelo ciborg Neil Harbisoon, que criou seu próprio mecanismo de enxergar as cores através de sensações físicas reais, o futuro da identidade humana está em criar modelos individuais de enxergar o mundo?

conceito de globalização

GLOBALIZAÇÃO

“Um conjunto de processos, desencadeados a uma escala global, que atravessam as fronteiras, integrando e conectando comunidades e organizações, em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, quer em realidade, quer em experiência, mais interconectado."



Anthony McGrew, 1992

COMPRESSÃO ESPAÇO-TEMPO

Para Hall, a compressão espaço-tempo, a compressão de distâncias e de escalas temporais, é um dos aspectos mais importantes da globalização a ter efeito sobre as identidades culturais. E a globalização é o que está a deslocar e a desintegrar as identidades culturais nacionais e a provocar esta fragmentação do sujeito.


Percebe-se a aceleração dos processos globais, de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um determinado lugar tem um impacto imediato nas pessoas e lugares situados a uma grande distância.

GLOBALIZAÇÃO

Desintegração de culturas nacionais e homogeneização cultural

A globalização tem provocado o “crescimento da homogeneização cultural”, porque se parte do princípio de que ela torna o “mundo menor e as distâncias mais curtas”.
Hall diz-nos que essa homogeneização de culturas se deve à desintegração das culturas nacionais e ao reforço de outros laços e lealdades culturais. Isto acontece porque o mundo se transformou num mercado global, onde um produto que hoje é produzido na China, na Coreia ou nos Estados Unidos pode ser consumido em qualquer parte do mundo. Ou seja, se todos temos acesso às mesmas coisas, ao mesmo tempo, afinal o que nos distingue?

TEMPO E ESPAÇO

Tempo e espaço são coordenadas básicas de todos os sistemas e meios de representação, que são o que nos define, escrita, pintura, desenho, fotografia, a arte ou os sistemas de telecomunicação. Diferentes épocas culturais têm diferentes formas de combinar essas coordenadas espaço-tempo.



TEMPO E ESPAÇO

SISTEMA E MEIOS DE REPRESENTAÇÃO = DEFINIÇÃO DE SUJEITO

ESCRITA, DESENHO, PINTURA, SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÃO, FOTOGRAFIA E ARTE

DEFINIÇÃO ESPAÇO E LUGAR

Nas sociedades pré-modernas o espaço e o lugar eram coincidentes, as dimensões espaciais da vida social eram dominadas pela presença, por uma atividade localizada. A modernidade vem separar cada vez mais o espaço do lugar, e reforça relações de indivíduos distantes em termos de local, distantes da interação física. O que define o local já não é aquilo que está presente de forma visível, e a natureza das relações deixa de depender do lugar ou da distância. Os lugares permanecem fixos; é neles que temos as nossas "raízes". Mas o espaço pode desaparecer num piscar de olhos, impulsionado por avião, ou por um clique. Faz-se uma associação com o termo "líquido" tratado por Zygmunt Bauman, que diz que na sociedade pós moderna as relações, o amor, a vida, a modernidade geral são líquidas e nada é feito para durar.


SOCIEDADE PRÉ-MODERNA 

ESPAÇO = LUGAR


SOCIEDADE MODERNA 

ESPAÇO # LUGAR

LUGAR FIXO = ORIGENS E RAÍZES
ESPAÇO = VOLÁTIL E LÍQUIDO

mcdolnalds.jpg

MERCADO GLOBAL

Processos globais têm diversas consequências.


Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global, que nos oferece estilos, lugares, imagens, viagens internacionais, variados media e sistemas de comunicação, mais as identidades se distanciam do tempo, das origens, dos lugares e das histórias, das tradições.  Cresce um novo espaço cultural digital, aquilo a que Hall chama de “geografia sem lugar”, uma arena global da cultura, um mundo de comunicação instantânea e superficial em que os horizontes do espaço-tempo foram comprimidos e se desmoronaram.

O consumismo global cria possibilidades de identidades partilhadas como consumidores para o mesmo bem, clientes para os mesmos serviços, públicos para as mesmas mensagens e imagens, entre pessoas que estão bastante distantes uma das outras no espaço e tempo.

Foto: Thatiane Ferrari

SENTIMENTO DE PERTENÇA

Ainda que a globalização possa ser a força dominante dos nossos tempos, do homem pós-moderno, isso não significa que o sentido do local tenha perdido o seu significado. O que acontece é que se criam novas e complexas relações entre o espaço global e o espaço local, as identidades nacionais representam vínculos e lugares, histórias em particular, não desaparece o sentimento de pertença.

TRADIÇÃO X TRADUÇÃO

De fato, parece que a globalização tem o efeito de contestar e deslocar as identidades centradas e fechadas de uma cultura nacional. Tem um efeito pluralizante sobre as identidades, produz uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação. Torna as identidades mais políticas, mais plurais e diversas, menos fixas.


TRADIÇÃO = PUREZA DA IDENTIDADE NACIONAL

Grupos que se sentem ameaçados pela presença de outras culturas e presam pela identidade pura. Hall faz a relação de tradição com o racismo cultural, a exemplo do Englishness.

TRADUÇÃO = PERCURSO HISTÓRICO, POLÍTICO DE REPRESENTAÇÃO E DIFERENÇA

Grupos que aceitam que as identidades estão sujeitas ao plano de história, da política, da representação  e é improvável que elas sejam outra vez unitárias  ou puras. Pessoas que tem fortes vínculos com suas origens, porém não possuem a ilusão de retorno a sua terra natal.



CULTURA HÍBRIDA

Stuart Hall chama de pessoas traduzidas (etimologia, transferir, transportar entre fronteiras). Pessoas que são o produto das novas diásporas. Estas pessoas devem aprender a viver em harmonia com pelo menos duas identidades, duas línguas e duas culturas.

IRRACIONAL

Existem também fortes tentativas para se reconstruírem identidades purificadas, para se voltar ao passado. E talvez este seja o maior perigo da globalização. E aqui temos o ressurgimento dos nacionalismos e o crescimento do fundamentalismo, resultado dos maus modelos de adaptação de lideranças, da pobreza e do subdesenvolvimento econômico.

IDENTIDADES

PURAS

raça pura.jpg


NACIONALISMO

nacionalistas.jpg

FUNDAMENTALISMO

fundamentalismo.jpg
Paz mundial

OPINIÃO

A globalização redefiniu a concepção de tempo-espaço e trouxe como consequência a quebra de estruturas socioculturais já estabelecidas. Na pré-modernidade (considera-se pré-modernidade período anterior a Globalização e seus impactos) havia como referência relações sociais, instituições e representações bem concebidas, e ainda, sob a delimitação territorial de um Estado-nação. Com a consolidação de um mercado global, acentuado pelas relações digitais, já não há limites de relacionamento e negociações. E como aspecto positivo dessa mudança de percepção espaço-tempo é a capacidade de experienciar "o que é do outro", o que outrora estava muito distante. Sob a ótica da globalização, a troca empática entre diferentes pessoas e culturas pode ser a característica mais inovadora e desenvolvida deste mercado global. Claro, se houvesse apenas aspectos positivos no mundo global. A rede global, ativada ainda mais pela internet e o desenvolvimento dos meios de comunicação no sentido digital, encontrou espaço para manifestações extremistas,  excludentes e nacionalistas, quebrando com tudo que tinha de positivo em imaginar um mundo global, onde todos poderiam crescer com a cultura do outro e se desenvolver como sociedade e seres humanos.

bottom of page